terça-feira, 29 de outubro de 2013

A madrinha da bateria da mídia podre


Existe um limite para os pretensos profissionais do humor? Qual seria? O que separa o direito à gargalhada aos que veem graça no esculacho alheio da dignidade dos que podem ser ofendidos? Em tempo de Danilo Gentili, de Rafinha Bastos, de Pânico e afins, a pergunta é muito necessária!

Gentili, que ficou famoso com escrachos no CQC e ganhou um programa só dele na TV, mais uma vez passou de todos os limites. Desta vez, comparou uma doadora de leite materno (por sinal, a maior doadora do país), usando sua foto sem permissão em rede nacional, a um ator pornô, com o enorme mau gosto de costume. "Em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala", disparou o apresentador (clique aqui para ler).

O resultado da "brincadeira" não poderia ter sido pior. A mulher passou a ser humilhada e chamada de "vaca do Gentili". O dano público à sua honra foi tamanho que ela disse que não mais doará leite materno. Ou seja, além de destruir a imagem de uma pessoa, Gentili conseguiu barrar um ato de cidadania voluntário que deveria ser exaltado nos meios de comunicação, para que pudesse servir de exemplo, e nunca ridicularizado num modelo de mídia em que sobram Gentilis e falta dignidade.

O fato é que as empresas de comunicação do Brasil gozam de um poder sem limites. Publicam o que querem e, mesmo quando processadas por quem ofendem, empurram os processos com recursos infinitos, contando com a influência que exercem diante das autoridades jurídicas (só para lembrar, o presidente da suprema corte brasileira tem um filho trabalhando na Globo e frequenta as rodinhas de celebridades globais). Para piorar, apenas meia dúzia de famílias praticamente manda na opinião pública brasileira, pautando o debate nacional conforme seus interesses.

A mulher ofendida por Gentili recorreu à Justiça, mas dá para acreditar que se fará alguma justiça além de uma multinha que a emissora pagará com o valor de um único comercial veiculado em horário nobre? Para piorar, o caso dará ainda mais ibope ao apresentador, que, consequentemente, ganhará ainda mais espaço na TV para ofender outros e outros e outros... É assim com ele, é assim com Rafinha, é assim com Reinaldo Azevedo (clique aqui para ler sobre o novo colunista da Folha, que defende Feliciano e chamou Niemeyer de idiota)... É assim com os polemistas que se prestam a uma indústria de excrementos desinformativos desrespeitando, ofendendo, deturpando.

Essa é a mesma mídia que, nos anos 80, destruiu a família proprietária da Escola Base, quando escancarou em manchetes acusações de assédio sexual praticado contra alunos sem que o fato nunca tivesse existido e sem que nenhum dos "comunicadores" responsáveis fossem punidos pela mentira veiculada. É a mesma mídia que inventa apagões e crises, que faz chantagem pela alta de juros, que mantém presidenciáveis como "imparciais" colunistas, que especula livremente contra pessoas, contra um país, reforçando estereótipos, preconceitos e intolerância.

Gentili é só a madrinha da bateria dessa mídia podre. Há toda uma avenida Brasil tomada pela fábrica de aberrações comunicativas, cada vez mais bizarra nas alegorias e adereços...

Maísa, 11, não quer engravidar já



Maísa, aquela garotinha que Silvio Santos transformou numa apresentadora de auditório, diz a uma revista de fofocas publicada pela Globo: "Estou solteira, solteiríssima. Não é hora de namorar ainda, sou muito nova e não quero engravidar por enquanto" (clique aqui para ler).

Maísa tem 11 anos.

Oi?

Isso mesmo! Maísa tem 11 anos, mas em sua cabeça já trafegam temas como relacionamentos amorosos, sexo e gravidez. Isso além de toda a pressão de ser uma profissional precoce da TV.

Claro que, ainda mais na era da multi-informação digital, garotos e garotas merecem ser educados sem mistérios nem moralismos castradores, tampouco manipulados por tabus ou preconceitos sobre a vida, seus riscos, oportunidades e prazeres. Mas, e a infância?

Num tempo em que a existência é condicionada ao consumo e a comunicação de massa se limita ao show e ao sensacionalismo, as crianças estão entre as maiores vítimas. A publicidade (para a qual o jornalismo presta serviço, subserviente ao todo-poderoso mercado anunciante) descobriu que colocá-las na mira de seu canhão de apelos gera mais dividendos. Primeiro, porque antes dos sete anos de idade não fazemos a relação entre causa e consequência. Segundo, porque, sobrecarregados de trabalho e com pouco tempo em casa, pais e mães ficam mais vulneráveis aos desejos dos filhos. Fecha-se, então, o ciclo. Um exemplo? Xuxa prestou-se a essa indústria e fez escola, com uma estratégia infalível: a loirinha sensual faz a cabeça dos baixinhos e os baixinhos fazem os pais comprarem.

Soma-se a isso outro fenômeno muito grave: a erotização precoce. A fórmula de transformar crianças em adultos não só as torna monstrinhos consumistas, mas também as sexualiza antes mesmo que cheguem à puberdade. Aliás, sobre isso, Frei Betto fala com muita propriedade, ao dissecar a estratégia do mercado: incitar nas crianças os apelos ao consumo e à sexualidade para que, embebedadas pelo mundo adulto, sejam consumidoras sem senso crítico.

Não tenho absolutamente nada contra o sexo (muito pelo contrário!) e acho absurda sua demonização, feita por muitas religiões que escravizam seus fieis a um moralismo estúpido. Mas sou a favor da infância e do direito inviolável de as crianças viverem como crianças. 

Maísa não quer mais brincar. Aos 11 anos, ela já tem muitas preocupações: o trabalho, a carreira, a fama, os relacionamentos amorosos, a idade certa para engravidar e as entrevistas para revistas de fofocas. Sua infância foi roubada, violentamente, por uma paternidade/maternidade que não educa e por uma mídia vendida aos seus anunciantes, ao dinheiro e sem nenhum valor da vida.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Reinaldo Azevedo, por ele mesmo


Reinaldo Azevedo é um símbolo do que a velha mídia tem de mais reacionário. Blogueiro da Veja, ele agora chega também à Folha, ganhando espaço numa mídia que, emprestando palavras de Stanislaw Ponte Preta, se locupleta.

Mas, não vou aqui desqualificar Reinaldo com juízos de valor, ironias, ofensas, calúnias, injúrias e difamações, como ele faz com as muitas pessoas contra quem dispara hostilidades. Apenas coletei algumas de suas frases e reproduzo abaixo.

Palavras de Reinaldo Azevedo:

"Cultura negra não existe. Esse negócio de Mama África é uma forma de enganar trouxas".

"Morre Oscar Niemeyer, metade idiota".

"Querem deslegitimar Marco Feliciano" (em defesa do pastor presidente da Comissão dos Direitos Humanos).

"Não vejo nada de despropositado na proposta do deputado João Campos (PSDB)" (em defesa do autor e do projeto de cura gay).

"Daniela Mercury, a lésbica estatizada da Bahia" (ironizando a cantora baiana quando se revelou homossexual).

"A imprensa brasileira endossa as violências institucionais patrocinadas pelo sindicalismo gay".

"Não é possível que o movimento gay reivindique também a condição de educador das crianças".

"Digamos que vote - e, se ele for candidato, votarei, sim!" (assumindo seu partidarismo por José Serra).

"O Brasil será conivente com a escravidão de médicos cubanos e ainda mandará dinheiro para Cuba" (sobre o Mais Médicos).

"Essa imprensa, para demonstrar que não é antipetista, atira, se preciso, em tucanos, ainda que contra a evidência dos fatos" (defendendo os tucanos denunciados no escândalo do cartel e das propinas no metrô de São Paulo) .

"Vou votar em Andrea Matarazzo (45450) para vereador em São Paulo" (o mesmo político acusado de ser um dos chefes do trensalão, que teve até os sigilos quebrados).

"Significa que o resto do mundo aplaude a nossa incompetência" (ironizando a eleição histórica de um brasileiro e o primeiro latino americano à presidência da Organização Mundial do Comércio).

"Já escrevi aqui vários posts sobre as boçalidades habitualmente ditas pelo líder dos Racionais MCs" (ofendendo Mano Brown e defendendo o cantor Lobão).

"É uma coleção de asneiras do 'grande' Hobsbawm". (desdenhando um dos maiores prensadores contemporâneos do mundo).

"Marilena Chauí e esses microgrupos são, em suma, fascistas disfarçados de amantes da humanidade" (caluniando uma das maiores intelectuais do Brasil).

"Canalhas", "covardes", "bandidos", "ignorantes" (sobre os ativistas que libertaram os beagles do Instituto Royal.

A mídia faz testes em humanos


Em editorial intitulado "Comportamento animal", a Folha de S.Paulo faz, nesta quarta-feira, seu julgamento (sumário e condenatório) das pessoas que resgataram cães beagle que eram cobaias no Instituto Royal. No título, o jornal já sugere o que crava no texto: os "invasores" são "irracionais" e "tresloucados".

Não há nenhuma citação de fonte no editorial para sustentar a defesa que a Folha faz das pesquisas com animais, tampouco qualquer contraponto, como reza o bom jornalismo, sobre a real eficácia desses testes, para que o leitor tire suas conclusões. Ou seja, sem sequer usar argumentos, a Folha apenas sentencia, ignorando dados que seriam relevantes para esse debate (se o jornal quisesse fazê-lo). Vamos a eles:

A eficácia dos experimentos com cobaias é algo crucial para se refletir acerca do tema, mas a Folha não faz sequer menção a isso. Lembremos, então, um dado no mínimo perturbador: o órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos (o FDA) tem um estudo recente mostrando que nada menos que 92% de todas as drogas aprovadas em testes com animais falharam quando aplicadas em humanos (citado numa matéria do Terra, clique aqui para ler).

Outra questão está no âmbito da legislação. O jornal cita, sem explicar, leis que estariam fazendo o Brasil evoluir para um uso menor de cobaias, mas ignora (ou sequer sabe de) um fato que põe por terra boa parte do seu texto-sentença: não há, em nosso país, nenhum órgão que valide métodos alternativos ao uso de animais em experimentos (a notícia está no G1, clique para ler). 

Mais um ponto importantíssimo é a questão dos cosméticos, que consomem grande parte das torturas em animais-cobaias. A Folha não toca no assunto, e também se esquece (ou finge esquecer-se) de uma notícia que saiu no Uol, de sua propriedade, este ano: a União Europeia deu um grande exemplo e já proibiu a venda de quaisquer cosméticos fabricados com testes em animais, o que mostra que há, sim, alternativas (clique para ler). Porém, enquanto isso, no Brasil milhares de animais passam por sofrimento extremo para uma indústria que não salva humana vida nenhuma, mas apenas serve-se à vaidade e ao supérfluo.

Ou seja, seria possível, sim, debater a questão do uso dos animais em pesquisas humanas, lançando luz sobre vários aspectos, com argumentos contrários e também favoráveis. Não foi o que a Folha fez. Muito pelo contrário, o jornal preferiu ofender os ativistas que, estes sim, estão possibilitando um debate nacional sobre a necessidade de evoluirmos no respeito às outras espécies e à sustentabilidade da vida no planeta.

Não é de se estranhar que tal postura venha da Folha, um jornal que escreveu, no mesmo espaço de editoriais, que o Brasil não teve uma ditadura, mas uma "ditabranda". Ou seja, para a Folha, nossa ditadura não foi tão violenta e não doeram nada as perseguições, ameças, exílios, torturas e mortes. 

Aliás, não apenas a Folha, mas a velha mídia em geral, grande beneficiada com anúncios da indústria dos cosméticos, se lambuza em incoerências e informações direcionadas ao que lhe convém. A Veja, que hoje também ridiculariza os ativistas que resgataram os beagles, deu destaque a uma entrevista, em 2010, que tem como título: "A pesquisa científica com animais é uma falácia". (clique aqui e leia)

Eis um exemplo de jornalismo que faz testes em humanos, experimentando qual o limite da ignorância e da alienação de um cérebro.

Foto: Shutterstock

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sobre o leilão de Libra


As ações da Petrobras, que segundo a velha mídia está falindo, dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo.

O motivo foi o leilão de Libra, joia do pré-sal, que aconteceu no Rio e teve como vencedor um consórcio encabeçado pela mesma Petrobras, que quase foi vendida como Petrobrax na década de 90, quando uma plataforma da estatal chegou a afundar por pura incompetência de quem a administrava.

A União, que segundo a velha mídia está um caos e ainda vai piorar, ficará com 75% do que Libra produzir de riquezas (somando o que fica com a Petrobras, que é uma empresa pública, somam-se 85%). Dos royalties desta que é a maior licitação da história do Brasil, 75% vão para a educação. Sim, educação! Dos brasileiros! Outros 25% vão para a saúde. São recursos que chegam aos trilhões de reais. Históricos.

A Petrobras não teria condições de extrair, sozinha, o petróleo de Libra, que é a maior reserva do Brasil, mas fica com 40% do bolo, o dobro de cada uma das empresas que ganharam o consórcio com a estatal brasileira. Uma parceria público-privada em que o público entra com soberania e o privado, como parceiro.

A velha mídia, esta sim falindo em seu ditatorialismo editorial por não conseguir recolocar no poder seu partido político (o mesmo que quase vendeu a Petrobras e o petróleo que é nosso), ainda procura argumentos contrários para noticiar que o leilão foi um fracasso. Talvez forme, junto aos black blocs, o consórcio dos derrotistas.

O fato histórico de Libra certamente não terá a grandeza merecida nas folhas carcomidas da velha mídia, mas não importa. As folhas logo estarão embolorando nos museus, enquanto o Brasil continua.

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

sábado, 19 de outubro de 2013

Os beagles, entre o passado e o futuro


Fazia anos que entidades ligadas à defesa dos animais denunciavam os testes ocorridos no Instituto Royal e nenhuma instância dos poderes constituídos tomaram qualquer providência, de fato (claro, essas instâncias existem para atender interesses humanos, e só). Então, os ativistas arregaçaram as mangas e entraram no instituto, resgatando com as próprias mãos os cães que eram usados como cobaias para a fabricação de produtos da indústria dos cosméticos, por exemplo.

Praticaram crime ao invadir uma propriedade privada? Furtaram? Poderão ter de enfrentar tribunais por isso? À luz da lei, sim. Mas, também à luz de leis, por muitos anos pessoas de pele negra podiam ser escravizadas, acorrentadas, surradas e torturadas. Foi preciso haver gente como esses ativistas, que transcendesse as "regras vigentes", para se mudar um absurdo que era legalizado, dada a "conveniência" do status quo.

Da mesma forma que os cientistas que defendem o uso irrestrito de animais em pesquisas dizem que, sem usar bichos como cobaias, não nos curaríamos de doenças, os fazendeiros escravistas do sul dos Estados Unidos, por exemplo, ou fazendeiros brasileiros, também não viam nenhuma possibilidade de tocar seus negócios e produzir alimentos sem acorrentar os negros e fazer com eles o que bem entendessem. Precisou alguém romper as cercas, os muros e colocar luz na questão, possibilitando outras formas de trabalho.

Essa é a diferença entre os reacionários e os progressistas. Aos reacionários, o que existe não pode mudar e deve-se sempre olhar para trás, enquanto que, para os progressistas o único caminho é ir pra frente, nem que para isso se necessite mudar posturas, padrões, quebrar tradições.

Por falar em reacionários, a Veja, baluarte do pensamento ultraconservador do Brasil, acaba de dar sua sentença sobre o caso dos beagles retirados do Royal (não vou postar o link, pois não devemos lhe dar ibope): os ativistas, para a revista dos Civita, são "bandidos e baderneiros que deveriam ser presos". Eis a cegueira de uma publicação arrogante que só sabe olhar para trás, nunca para a frente.

A ciência já descobriu que animais sentem dor e medo, tal qual os humanos. Já descobriu que eles desenvolvem laços de afetividade inclusive com humanos. A ciência também já criou computadores capazes de simular experimentos com mais exatidão que cobaias. Então, o que ainda estamos fazendo ao ferir vidas cruelmente em nome de uma arrogante superioridade, bem num tempo em que a palavra de ordem é a sustentabilidade entre as espécies? Temos o direito de queimar os olhos de um coelho ou rasgar a língua de um cão para aprimorar o creminho que passamos nas mãos para ela ficar mais hidratada? Temos o direito de destruir a pele de um beagle para melhorar a pomada antirrugas que passamos no rosto, porque não aprendemos sequer a envelhecer e nos drogamos, nos cortamos, nos esfolamos para parecer sempre jovens?

Os ativistas que retiraram os cães do Instituto Royal estão à frente do nosso tempo, por isso enfrentam resistências da porção atrasada da sociedade. Eles vislumbram um mundo onde é possível conviver com as espécies sem escravidão e com respeito à mãe que nos une e está acima de todos nós: a Terra, tão machucada pelos experimentos da "suprema" ciência. E eles estão certos, pois um mundo sustentável não é só possível como necessário. Desnecessários são os reacionários, sempre a nos puxar para o passado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Bolsa Família: vamos aos fatos!


O Bolsa Família ainda é uma trincheira dentro da qual a (e os metidos a) elite brasileira insiste no velho clichê de que "não adianta dar o peixe sem ensinar a pescar". Ironicamente, grande parte dos que repetem essa ladainha são os que fazem dos rios e oceanos deste país seus pesqueiros particulares e não pescam com as próprias mãos, mas se apropriam de benesses espúrias como a especulação financeira, a especulação imobiliária e a exploração do trabalho alheio.

Eu gosto dos fatos, mais que dos sofismas. E, nesta semana, dois fatos interessantes estão relacionados ao Bolsa Família. Vamos a eles.

O primeiro são números: em dez anos de implantação, o Bolsa Família contribuiu com a redução de 28% da pobreza brasileira, superando em 70% a meta estabelecida pelas Nações Unidas para o milênio. Tem mais: a cada 2% gasto com o Bolsa Família, 12,5% são transformados em benefícios para toda a população, pois o programa, além de diminuir a pobreza, estimula a economia e o consumo (clique aqui para ler o que o Estadão teve de admitir).

Tudo fica ainda mais interessantes em números absolutos: 522 mil famílias beneficiadas, 1,7 milhão de famílias (ou 5 milhões de pessoas) tiradas da pobreza e 17,5 milhões de crianças mantidas na escola, já que o Bolsa Família condiciona o pagamento do benefício à educação. A cada 1 real investido no programa, o retorno para a economia brasileira é quase o dobro: R$ 1,78. (clique aqui para ler o que o Valor Econômico teve de admitir)

O segundo fato é o reconhecimento internacional do programa: a conquista do I Prêmio para Desempenho Extraordinário em Seguridade Social (Award for Outstanding Achievement in Social Security), anunciado em Genebra, na Suíça, para o governo brasileiro. O Bolsa Família disputou com vários outros do mundo todo, e venceu, por seus méritos (clique aqui para ver o que o Correio Braziliense teve de admitir).

Não, eu não estou dizendo que esse programa se basta, que é um fim em si mesmo, que não depende de outras ações no sentido de estimular a busca por mais que uma mísera renda governamental. Mas é um começo como nunca houve num país onde o Estado sempre serviu aos donos da Casa Grande, enquanto à Senzala só restavam as chibatadas, a humilhação e a miséria.

Irônico é que as vozes contrárias que se vêem por aqui são representadas por quem tem menos "moral" para fazê-lo. A Globo (que omitiu a premiação do Bolsa Família no Jornal Nacional) sonega impostos que poderiam bancar a saúde e a educação; a Folha, o Estado, a Veja (que sempre criticaram o programa) gozam de total isenção fiscal do papel que sujam com suas rotativas, dinheiro que também poderia ser destinado a investimentos sociais; e todos desta velha mídia recebem gordas verbas públicas, em propagandas governamentais, para se sustentarem. 

Também não gosto desta ironia bizarra. E continuo preferindo os fatos. Pois vivam os fatos!

PS: Um detalhe final, Irlanda, França, Reino Unido e Holanda chegam a gastar 4% do PIB com transferência de renda. O Bolsa Família custa só 0,5% do PIB brasileiro, menos do que o governo FHC gastava com os juros da taxa Selic, no Volsa Especulação. (clique aqui para ver o que a Band News teve de admitir)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Profissão repórter: é proibido pensar!


Ontem assisti ao "Profissão Repórter". O tema me chamou a atenção: ocupações de edifícios abandonados em São Paulo, retrato escancarado da desigualdade urbana, da especulação imobiliária e do esbanjo dos quem têm muito versus a falta de um teto aos que têm quase nada.

Os jovens repórteres buscavam fazer jus ao slogan do programa ("o desafio da reportagem") e eis que Caco Barcellos, um jornalista de história memorável, dá o tom bem ao estilo Ali Kamel, tipicamente global. 

O jovem repórter argumenta: "Eles não gostam de ser chamados de invasores, porque invasão remete à violência". Mas Caco rebate: "Eles podem se chamar do que quiserem, mas a gente vai chamá-los do que nós quisermos!".

Ah, claro! Falou o editor, o dono das interpretações e dos fatos!

Com tal postura, Caco ensina aos jovens jornalistas o suprassumo do manual da velha mídia: independente das fontes e dos fatos, o que importa é o que o veículo em questão (no caso, a Globo) acha e impõe como verdade, e não há espaço para reflexão do espectador. É a comunicação em via de mão única, tão arrogante quanto decadente.

O que Caco (ou, a Globo) impediu era justamente a melhor questão a se fazer sobre a pauta: trata-se de uma situação em que há mocinhos de um lado e bandidos de outro (invasores cruéis versus proprietários coitadinhos)? Ou o fato de haver inúmeros prédios vazios e caindo aos pedaços (pertencentes a quem tem outros inúmeros imóveis) numa cidade onde muita gente vive embaixo de pontes é a maior das violências?

A resposta para isso deveria ser do espectador. Não do Ali Kamel, nem do seu fiel escudeiro Caco Barcellos, tampouco da Globo e sua gigantesca sonegação de impostos, que invade qualquer esperança de justiça social.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eu gosto de ser professor!


Formei-me em Jornalismo, especializei-me em Comunicação, mas gosto mesmo é de ser professor. 

Gosto de ser professor porque os jornalistas muitas vezes acham que já sabem, enquanto, como professor, eu preciso aprender para cada aula, para cada material produzido em quaisquer plataformas, para cada palestra a ser dada -e é tão bom aprender. Além disso, como professor eu falo de perto com quem interajo, e nessa conversa não existe uma via de mão única, mas o espaço do contraditório. E existe um processo, evolução, resultados...

Gosto de ser professor quando aproveito o repertório do jornalismo buscando informar para transformar (e não para deformar). E, então, minha consciência fica em paz comigo mesmo, com meu país e com o mundo. Aliás, se não fossem os bons professores não haveria os bons leitores, capazes de diferenciar os fatos das invenções.

Gosto de ser professor e acreditar que naquela sala de aula ou naquele auditório existe uma energia fluindo, a energia do conhecimento, da reflexão e da dialética, e essa energia é capaz da mais poderosa das revoluções, a busca por mais igualdade, por mais justiça, por mais liberdade ancorada no entendimento da diversidade da vida.

Gosto de ser professor porque enquanto o jornalista acha que dá respostas prontas, o professor instiga às perguntas. E antes do jornalista, do médico, do advogado, do engenheiro ou do gerontologista precisa existir o professor.

Gosto de ser professor porque aprendi com meus professores e com meus alunos que o aprendizado é sagrado e tão necessário quanto o oxigênio. E quando sou professor eu me sinto fazendo parte de uma procissão sem dogma, que nos tira da ignorância e nos liberta da alienação.

A todos os professores e alunos que tive e ainda terei, obrigado por me possibilitarem essa certeza saborosa: eu gosto de ser professor e, trabalhando em várias esferas da docência, eu me sinto mais jornalista!

sábado, 12 de outubro de 2013

Discursos 0 x 1 Fatos



Ainda há muita água pra rolar no rio da guerra eleitoral, mas a primeira pesquisa feita após a ida de Marina Silva ao PSB de Eduardo Campos sinaliza que o eleitor é muito mais inteligente do que pensam muitos políticos. A pesquisa, do Datafolha, aponta que Campos não somou as suas intenções de voto com as de Marina, registradas em pesquisas anteriores. Ou seja, os dois juntos subtraíram votos.

Se ambos respeitassem mais a opinião pública, poderiam ter imaginado que isso aconteceria. 

Desde que saiu do PV, Marina vinha criticando todos os partidos (inclusive criticou o próprio Campos), só apontando caminho numa nova legenda, a Rede, que ela não conseguiu consolidar. Ao não conseguir, entretanto, rasgou seu discurso e pulou para o galho dos "mesmos". Seu eleitor viu isso, oras!

A mesma interpretação vale para Campos: ele estava com o governo Dilma, inclusive com cargos em ministério, depois que achou que poderia ser presidente passou a se alinhar a forças conservadoras como Ronaldo Caiado, e depois que Marina lhe caiu no colo deu um chega-pra-lá em Caiado para adequar-se novamente à situação. E o projeto de país, qual é? Apenas a rampa do Planalto? Seu eleitor também viu isso!

O fato é que não há oposição com projeto para o país. Aécio, a aposta de parte dos tucanos (que brigam internamente como pavões egocêntricos), só sabe criticar todas as palavras de Dilma (e fala mal do Brasil até no exterior, posando de terrorista econômico), mas até agora não mostrou uma ideia alternativa sequer. Campos se sacode para fazer alianças e viabilizar sua candidatura, mas mistura no mesmo saco um latifundiário e uma ecologista ex-companheira de Chico Mendes. Já Marina acha que pode deletar suas próprias palavras para o poder a qualquer custo, nem que seja como vice.

Enquanto isso, há a última década, que traz fatos concretos, como 40 milhões de pessoas ascendendo socialmente, 20 milhões de empregos formais gerados, 100% de crescimento no ingresso de jovens à faculdade, fim da dívida externa, economia crescente enquanto o mundo desenvolvido patina... 

Não estou dizendo que está lindo, maravilhoso, mas isso é muito mais que o vazio da oposição. E o eleitor não é idiota, nem tão vulnerável à velha mídia em tempo de conexões digitais.

Eis a questão!

sábado, 5 de outubro de 2013

Marina: projeto de poder

Marina Silva se filia ao PSB.
Admite ser vice de Eduardo Campos, 
que até ontem estava alocado em cargos no governo,
que nas pesquisas aparece muito atrás da própria Marina.

Marina tem um projeto de poder.
Vale tentar subir a rampa do Planalto Central, seja como for.
E vale até como vice.

A Rede foi um belo marketing aproveitando a era das conexões digitais.
Que não conseguiu sair do virtual.

Ponto.

Marina: 3ª via ou mais do mesmo


Já admirei mais Marina Silva antes de ela sair em defesa do fascista Marco Feliciano e de flertar com a direita travestida de social-democrata. 

Marina tem uma história incrível de superação e convívio com a sustentabilidade, mas no jogo do poder cedeu a forças contrárias aos avanços sociais brasileiros e, para tentar viabilizar seu partido na reta final, aderiu ao velho jeitinho de propor flexibilização de regras.

Hoje, entretanto, será o dia em que definirei minha visão sobre Marina Silva. Ela tem dois caminhos: a coerência ou o poder a qualquer custo. 

Lembremos alguns capítulos de sua história para entender, primeiro, o que seria coerência. Marina saiu do governo Lula porque disse não conseguir viabilizar um projeto de sustentabilidade no Ministério do Meio Ambiente. Trocou o poder pela consciência. E foi respeitada em sua decisão até pelo próprio Lula (que disse recentemente que ela é uma pessoa "extraordinária"). Depois, deixou o PV por incompatibilidades entre sua ética política e as decisões do partido. Foi quando decidiu criar a Rede Sustentabilidade, que, a despeito do enorme prestígio de sua criadora, não conseguiu as assinaturas suficientes para ser efetivada em tempo de participar da disputa presidencial. Antes da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, Marina continuava optando pela coerência: sua candidatura era pela Rede ou por nenhuma outra sigla, ela dizia.

Agora, Marina está no meio de um leilão e parece gostar dele. Tem convide do PPS, do PSDB, do PEN e de tudo quanto é partido para se filiar e se candidatar por alguma legenda à presidência. Lógico que os partidos estão de olho no fato de ela ser a segunda colocada nas pesquisas (muito mais que em qualquer ética política). Até a Globo, que elegeu Collor, está pressionando Marina a se juntar a Aécio Neves, sendo sua vice. 

A decisão da ex-ministra mostrará sua índole.

Se ela optar por perder os anéis mantendo os dedos, fiel a princípios independentemente da disputa do ano que vem, continuará tendo minha admiração (apesar de eu não ser seu eleitor, pois não consigo engolir seu lado fundamentalista religioso indisfarçável). Se migrar para a odiosa nova direita do baladeiro Aécio, do vampiro Serra ou do recalcado Freire, cujo único projeto é jogar pedras e manipular fatos, estará rasgando as justificativas usadas para criar a própria Rede (e os próprios princípios que diz ter).

Marina mostrará hoje ao Brasil se tem mesmo uma terceira via a apresentar ao país ou se é apenas mais do mesmo. Ela tem todo o direito de escolher o que quiser, mas o eleitor terá também de julgá-la.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Gentili e a idiotização


É triste um tempo em que o que vale é chamar a atenção, não interessa como, nem baseado em quê. E são muitas as pessoas que se sujeitam a esse expediente. Danilo Gentili é um dos baluartes em aparecer a qualquer custo -muitas vezes, ou quase todas, ofendendo e distribuindo preconceitos.

A última dele está no site IG de hoje: "Não sou ator, sou heterossexual", diz. Ao ler o título, me veio a memória o dia em que vi Gentili palestrando para estudantes numa feira de profissões aqui em São Paulo. Ele ainda estava no CQC e, apesar do celebritismo em volta dele, pouco ou nada se aproveitava das suas "dicas profissionais". 

A pérola da palestra foi quando uma garota perguntou o que ele achava das artes cênicas, quando o humorista-apresentador-palestrante disparou: "Não gosto de teatro, pois sou heterossexual". Ou seja, o que Gentili demonstrou tanto na palestra como demonstra agora é que as profissões são restritivas a gênero e sexualidade. E, de repente, um jovem heterossexual desiste de um sonho por causa dessa bobagem falada para causar riso, sem nenhuma preocupação em ajudar quem está querendo ser orientado.

Seres como Gentili são cada vez mais abundantes na TV brasileira, refém absoluta do ibope. E eles são (bem) pagos para fabricar polêmicas. O velho modelo televisivo, que vai do Pânico ao Zorra Total, passando pelas novelas da Globo, deve morrer abraçado a essas figuras, a considerar a queda livre na audiência face à internet. E há motivos. Enquanto a TV paga fábulas a Gentilis, nas novas mídias digitais surgem o humor inteligente de quem empreende novas idias, como o Porta dos Fundos e as análises criativas de PC Siqueira no Youtube, ou as postagens geniais do Marcelo Cidral no Tumblr, o Jefferson Monteiro no Facebook e tantos outros. Esses caras não estão só pensando em aparecer e ganhar dinheiro, mas em propor algo novo, criativo, interativo, inteligente e que gera algum senso crítico.

Por essas e outras a velha mídia é velha, porque ela ainda repete o que há séculos existe de pior no ser humano, sempre considerando o espectador um idiota. Acontece que o espectador não é um idiota. E os tempos em que a TV era a única tela mágica e sedutora acabaram.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fatos no esgoto


Andrea Matarazzo é figura importante no ninho tucano. Foi tesoureiro da campanha de FHC em 1998 e embaixador do Brasil na Itália, participando também das gestões de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin em São Paulo. Esta semana, Matarazzo teve quebrados seus sigilos bancário e fiscal. O motivo? Ele é um dos focos da investigação sobre a propinas e formação de cartel nas licitações de metrô e trens paulistas em governos tucanos, falcatruas que envolvem mais de 400 milhões de reais.

O transporte público foi o estopim das maiores manifestações ocorridas no Brasil desde as Diretas Já. É um tema relevante, e não só por isso, pois basta observar a imobilidade urbana de nossas cidades para se chegar a tal conclusão. A corrupção (ou, a luta pelo fim dela) é outro ponto importantíssimo de ser discutido, e não só no Brasil. Portanto, a investigação sobre o cartel e a quebra do sigilo de Matarazzo são fatos de extrema relevância na agenda pública. Mas, não é assim que pensa a mídia tradicional (ou, a velha mídia).

Os três jornalões de circulação nacional, O Globo, Folha e Estado, desdenharam a notícia, poupando ao máximo o nome de Matarazzo em seus noticiários. Folha e Estado deram chamadas de capa no papel e em seus sites, mas NÃO MENCIONARAM nem Matarazzo nem seu partido, nem nas capas e nem nos títulos internos; O Globo deu apenas uma notinha interna, sem nenhuma importância.

Ou seja, para a velha mídia, o nome de um político investigado por participação em um escândalo que envolve a construção de linhas de metrô e trens na maior cidade do Brasil é uma bobagem. 

O mais engraçado, entretanto, é que essa mídia ainda imagina que, fazendo isso, vai privar o seu leitor dos fatos. Talvez pensem os donos-barões desses velhos jornais e seus editores-capachos que ainda estamos no século 19, quando os fatos só eram revelados quando o jornaleiro gritava "Extra, extra, extra!!!". Essa visão é um misto de arrogância e estupidez, pois estamos em plena era digital, de comunicação descentralizada e distribuída em rede.

Ao olhar apenas para o próprio umbigo cheio de interesses escusos e desprezando o poder de comunicação que todos ganhamos com as mídias sociais, a velha mídia não está metralhando apenas os fatos, mas também os próprios pés. Ao que tudo indica, esse modelo comunicativo vai, muito rapidamente, escorrer para o mesmo esgoto em que está mandando a verdade.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Por que sou vegetariano

O último prato de carne de Lisa Simpson: consciência
Faz uns dez anos que decidi parar de comer carne. Todo tipo de carne (de gado, de porco, de frango, de peixe, de coelho, de avestruz...), pois considero carne o que compõe todos os seres do mundo animal. O motivo? Nunca me achei melhor que os outros seres vivos, a ponto de me alimentar do sofrimento deles, nem achava coerente amar um cão ou um gato mas me divertir ao lado de uma churrasqueira.

Sou vegetariano, primeiro, por respeito aos animais e à vida. Sei que a cadeia alimentar é formada por presas e predadores, mas a indústria é diferente da natureza, pois ela escraviza e tortura, gerando um sofrimento absurdo ao se retalhar um ser (muitas vezes ainda vivo), transformando-o em pedaços embalados numa geladeira de supermercado.

Sou vegetariano também por amor ao planeta, porque o maior motivo de desmatamento é o gado em um Brasil que tem mais vacas e bois do que gente, animais que precisam de enormes áreas para pastagem e também para se plantarem os vegetais que vão alimentá-los. Isso sem contar o fato de que o gado é dos maiores emissores de metano, altamente causador do aquecimento global.

Sou vegetariano por amor aos humanos. Sim, aos humanos! Porque para a carne chegar até sua mesa, consumiu-se um volume enorme de vegetais e água que faltam a muitas pessoas.  Para se ter uma ideia, na "produção"  de um quilo de carne vermelha, se perdem 7,2 kg só de soja para alimentar o gado, que poderiam alimentar diretamente os humanos, com muito maior eficiência. Nada menos de 40 pessoas seriam alimentadas com os vegetais necessários para produzir um bife de 225g! Ou seja, o vegetarianismo tem potencial para erradicar a fome do mundo.

Sou vegetariano porque da terra brotam sabores incríveis, que só pude descobrir quando me libertei da cela em que vivia, condenado ao repetitivo bife com batatas fritas. É possível olhar para os vegetais como pratos principais, reinventando-os em deliciosas opções gastronômicas, tudo isso com enorme ganho de saúde, já que eles possuem todos os nutrientes de que precisamos, e ainda ficamos livres dos hormônios que se injetam cruelmente nos animais dentro da indústria da carne, causadores de cânceres e outros distúrbios nos humanos. Eu como feijoada, hambúrguer, cachorro quente, strogonoff, quibe, parmegianas e mais, tudo feito com vegetais e todos deliciosos. 

Sou vegetariano porque acredito que é possível conquistar um novo patamar evolutivo. A Lisa Simpson também acredita nisso, assim como o Paul McCartney, a Brigitte Bardot, o Dustin Hoffman, o Richard Gere, o Rick Martin, a Rita Lee e tantos tantos outros. Até o gênio Leonardo da Vinci, num tempo muito diferente do nosso, defendia um mundo que respeitasse os animais. Ora, se conseguimos vencer, em grande parte, a escravidão de seres humanos, se conseguimos pousar na Lua e já planejamos chegar a Marte, podemos dar um passo para não mais escravizar os animais. Eles já foram tão úteis e tanto sofreram quando nossos ancestrais os utilizaram em todo o tipo de geração de força (como o transporte, por exemplo), mas já inventamos o motor a todo tipo de combustível, e já temos tecnologia suficiente para caminhar mais com nossas próprias pernas.

Sou vegetariano porque minha consciência só fica tranquila sendo vegetariano. E, em dez anos, nunca escrevi um texto assim, porque respeito os que não são, mas acredito que eles também possam mudar de ideia, como eu mudei. Já que hoje é dia mundial do vegetarianismo, resolvi escrever essas palavras que há uma década se consolidam em minha ética de vida, que não é melhor ou pior que nenhuma outra, mas busca entender a vida como algo precioso e digno de respeito.

Um brinde à vida! Todo tipo de vida!!!